1      Produção de soro Antiofídico edit

Foi desenvolvido por volta de 1890, com a descoberta da soroterapia, por Emil Adolf Von Behring (1854-1917), um microbiologista e  Kitasato Shibasaburo (1853-1932), um bacteriologista. A partir de estudos da difteria e o tétano, perceberam que o soro do sangue coagulado de animais imunizados contra essas doenças tinha propriedades curativas. Esta descoberta deve grande impacto na busca de outros processos semelhantes para várias doenças e especialmente para o envenenamento ofídico.

A soroterapia antiofídica teve inicio em 1894, por Albert Calmette, Césaire Phisalix e Gabriel Bertrand.

 
Albert calmette
 
Césaire Phisalix

Calmette teve seu interesse pelo veneno das cobras em 1892, quando trabalhava na criação do Instituto Pasteur da Indochina, foi a Paris para prosseguir seus estudos, na supervisão de Émile Roux, que na época estava envolvido em pesquisas de doenças transmissíveis e de soroterapia. Fundado em 1887 e inaugurado em 1888, o instituto Pasteur tornou-se referência mundial em pesquisas médicas experimentais.

Nesta mesma época, Phisalix e Bestrand estavam em um estudo sobre envenenamento ofídico e conseguiram imunizar animais contra venenos de cobras.

No Brasil, o médico Vital Brasil (1865-1950) também começou a realizar experimentos com cobras peçonhentas, se aprofundando nas pesquisas de Calmette. Vital descobriu que o soro que Calmette desenvolveu funcionava apenas para picadas da Naja e era inútil para veneno de outras cobras como por exemplo cascavel e jararaca, espécies que mais causavam mortes no país.

Em 1902, Vital produziu o soro antiofídico, que servia tanto para jararacas como para cascavéis. O uso dos soros que Vital produziu reduziu a taxa de mortalidade na zona rural do Brasil em 50%. Seu trabalho foi bastante reconhecido no exterior, e o Instituto Butantã, em São Paulo, dirigido por ele durante 20 anos, tornando-se referência mundial no combate ás mortes por envenenamento.

 
Naja

Atualmente este tratamento é i mais eficaz para picadas de cobras.


2    PRODUÇÃO edit

A produção de soro é feita geralmente através da hiperimunização de cavalos. No caso do soro antiofídico é extraído o veneno do animal peçonhento e inoculado em um cavalo para que seu organismo produza anticorpos (imunoglobinas que garantem a defesa e proteção do organismo) específicos para aquela toxina.

Esse animal é o mais indicado para a atividade devido à facilidade do trato, por responderem bem ao estímulo da peçonha e pelo seu grande porte.

  • A primeira etapa da produção de soros antipeçonhentos é a extração do veneno, também chamado de peçonha de animais como serpentes, escorpiões, aranhas etc.
  • Após a extração, a peçonha é submetida a um processo chamado liofilização, que desidrata e cristaliza o veneno. A produção do soro é obtido nas seguintes etapas:
  • O veneno liofilizado (antígeno, que nada mais são que substâncias que induzem a produção de anticorpos) é diluído e injetado no cavalo, em doses adequadas. Esse processo leva 40 dias e é chamado de hiperimunização.
  • Após a hiperimunização é realizada uma sangria exploratória, retirando uma amostra de sangue para medir o teor de anticorpos produzidos em resposta às injeções de antígenos.
  • Quando o teor de anticorpos atinge o nível desejado, é realizado a sangria final, retirando-se cerca de 15 L de sangue de um cavalo em três etapas de 48h.
  • No plasma (parte líquida do sangue) são encontrados os anticorpos. O soro é obtido a partir da purificação e concentração desse plasma. As hemácias (que formam a parte vermelha do sangue) são devolvidas ao cavalo, através de uma técnica desenvolvida no instituto Butantan, chamada de plasmaferese, que irá reduzir os efeitos colaterais provocados perla sangria no animal.
  • No final do processo, o soro é submetido a testes de controles de qualidade, sendo eles:
  • ·        Atividade biológica: para verificação de anticorpos produzidos;
  • ·        Esterilidade: para detectação de eventuais contaminações durante a produção;
  • ·        Inoculação: teste para uso humano;
  • ·        Testes físico-químicos.

REFERÊNCIAS

CUNHA, Luis Eduardo Ribeiro. Soros antiofídicos: história, evolução e futuro. 2017. Disponível em: <http://file:///C:/Users/aluno/Downloads/1808-6185-4-PB.pdf>. Acesso em: 16 set. 2018.

SILVA, Felipe Soares Quirino da. Avaliação da pureza dos soros Antiofídicos Brasileiros e Desenvolvimento de nova metodologia para essa finalidade. 2008. 165 p. Tese de Doutorado (Pós Graduação em Vigilância Sanitária)- INCQS/FIOCRUZ, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/8252/2/11.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018.

SOROS; Instituto Butanta; Disponível em <http://www.butantan.gov.br/producao/soros/Paginas/default.aspx > Acesso em: 10/08/2018.