Conhecida como “Hospital dos Pássaros” o projeto da Estação Biológica do Garducho tem como premissa base o uso sustentável de recursos naturais. O projeto é Ventura Trindade, arquitectos.

A Estação Biológica do Garducho (EBG) localiza-se no interior alentejano, junto à fronteira com Espanha, no local onde existia um posto de controlo fiscal. A cerca de 75Km de Évora e a 4Km da Amareleja, na estrada N386 para Barrancos e na ligação à povoação espanhola de Valencia del Monbuey, a EBG pertence ao concelho de Mourão, distrito de Beja.

Conhecida como “Hospital dos Pássaros” pertence ao CEAI – Centro de Estudos da Avifauna Ibérica. Inserida numa área classificada Rede Natura 2000 e Zona de Proteção especial (ZPE) para Aves Moura/Mourão/Barrancos tem como função a investigação sobre a biodiversidade existente na ZPE, em especial a observação e estudo de algumas espécies em vias de extinção.

Inaugurado em outubro de 2010, este espaço, projetado por Ventura Trindade, arquitectos, aposta numa linguagem arquitectónica contemporânea e tem como premissa base o uso sustentável de recursos naturais.

O conjunto edificado tem uma conformação retangular, de 55×27,5m, sobre-elevado do solo 1m acima do ponto de cota mais elevada do terreno, interligando três corpos organizados em torno de um pátio central. Estes corpos, que correspondem à implantação dos antigos edifícios do posto fiscal transfronteiriço, representam unidades funcionais distintas: área expositiva pública, zona de trabalho e alojamento de investigadores. A nível construtivo houve um rigoroso cuidado na escolha de materiais, quer para responder às grandes exigências climáticas da zona, com temperaturas muito elevadas de verão, quer por se pretender criar uma construção sustentável e amiga do ambiente, que aproveitasse os recursos naturais existentes.

Foram usadas alvenarias de grande inércia térmica produzidas a partir da planta de cânhamo que completam a estrutura de betão. O isolamento térmico é de aglomerado negro de cortiça feito a partir de restos daquele material proveniente da indústria corticeira. O revestimento de varandas e terraços é feito com traves de madeira de linhas férreas desativadas.

É também uma construção autossuficiente, captando as águas pluviais para uma cisterna que a armazena e distribui pelo edifício e sendo a energia elétrica proveniente de uma estação fotovoltaica existente no terraço.